Viajar é inerente ao ser humano, seja por necessidade ou prazer as pessoas sempre estão na estrada, cruzando os céus ou singrando os mares. Alguns buscam conhecimento, oportunidades de negócios, desafios ou apenas vagabundagem. Seja como for, viajar é bom, muito bom! E as viagens transformam as pessoas (para melhor). No começo de 2022, comemorei 20 anos da minha viagem de Yamaha R1 até Ushuaia, uma viagem marcante que jamais esquecerei. Como tenho o hábito de escrever um relato diariamente, no papel, usando lápis ou caneta, como faziam nossos ancestrais, tenho anotado tudo o que aconteceu naquele desafio que para muitos “feito com a moto errada”.
No último dia de 2021 fiz questão de postar algumas fotos da minha R1 caída às margens da Ruta 40, e muitos seguidores ficaram curiosos, por isso resolvi publicar novamente o post onde conto tudo sobre essa viagem, com as mesmas palavras de 20 anos atrás. Essa viagem prova que ninguém precisa de injeção eletrônica, freio ABS, controle de tração e outros aparatos “inteligentes” para conhecer lugares distantes. Minha R1 era carburada, sem ABS, sem controle de tração… Eu subi na moto e fui, simplesmente assim… Boa leitura.
20.12.01 A VÉSPERA
BUENOS AIRES 20.12.01 – O povo vai as ruas para protestar contra a política cambial adotada, pareando dólar e peso, que está levando o pais ao caos total. Hoje pela manhã vi nos jornais no chão do hall de serviço as manchetes sobre o estado de Sítio decretado no pais vizinho. Rapidamente pude ler algo sobre o pedido de demissão do ministro da economia. Mais tarde, já no escritório, fui acompanhando pela internet, telefone e e-mails a situação que se instalava no meu pais-destino. Muitas recomendações de amigos e parentes para desistir da viagem, pra alguns chego até a dizer que já providenciei um mapa da Bolívia e Peru, para mudar o roteiro para Machu Pichu, outro destino com o qual sonho muito. Mas nada!! Era absolutamente impensável mudar os rumos de uma viagem sonhada por 10 anos e fruto de 5 meses de planejamento. Definitivamente, meu destino era USHUAIA. À noite, em casa, terminando os últimos preparativos para a viagem, malas já sobre a motocicleta, previsão tempo para os próximos 10 dias, em todo o roteiro mostrou-se muito boa, tempo bom, pouco vento, pouca chuva. Entretanto, a noticia da renuncia do presidente da republica da Argentina chegou, mais imagens de saques, greves, estradas interditadas, quebra-quebra vem pela televisão.
Resolvi passar o Natal em Gramado, RS, por isso, ao invés de seguir diretamente para a fronteira do Brasil amanha, retardo um pouco a viagem seguindo para Gramado, RS e na madrugada do dia 26 sigo para a Argentina.
A moto foi detalhadamente preparada, todas as partes pintadas foram protegidas com um filme plástico especial, afim de protege-la contra pedradas, pequenos riscos e do constante atrito das bagagens no tanque e laterais. Ela recebeu um conjunto de alforges americanos, Chase Harper, escolhidos depois de muita pesquisa, considerados os que melhor se adaptam a motocicletas com caráter francamente esportivo, como é o caso da minha companheira, a Yamaha YZF 1000 R1, alem desses alforges, ela recebeu no tanque uma mala magnética italiana, da marca Givi.
Realmente o espaço para bagagem é muito reduzido, mas, isso não importa neste momento, o importante seria aproveitar as lindas paisagens patagonicas a bordo de uma motocicleta que, no conceito da grande maioria dos motociclistas, não se preza a viagens de mais de 300 kms, pois é extremamente cansativa, desconfortável, enfim inadequada. Eu mesmo, que tive toda minha formação em motos trail, que se dispòe a viajar em terra, asfalto, areia, e que, teoricamente oferecem muito mais conforto ao condutor, era dessa opinião sobre as motocicletas esportivas e seus pilotos, carinhosamente chamados de Jaspion, devido às coloridas roupas de couro que costumam usar. Outros adjetivos são comuns a “nossa” classe de motociclistas, como “os homens que viajam em posição pouco nobre” e até comentários como “quando chegar ao destino terá que ser colocado num aparelho de tração, pois terá perdido uns 20 cm”, isso em alusão a posição de pilotagem também. Não me incomodando com os comentários, me apaixonei pelas esportivas há pouco mais de 2 anos, 14 motos já passaram por minha vida motociclistica, que começou bem cedo, aos 13 anos na então pacata Atibaia, mas foram as esportivas que me atraíram de maneira mais forte, uma verdadeira paixão. Com elas já quebrei alguns tabus, paradigmas, fazendo uma viagem de iron butt, ou seja, rodar mais de 1.000 milhas (1.609 kms) em menos de 24 hs, agora estou a poucas horas de iniciar uma viagem longa, na qual passarei por aproximadamente 600 kms de estradas de rípio, absolutamente desaconselhada para esse tipo de motocicleta, entretanto, estou descobrindo, que é justamente este sentimento de desafio que me move a fazer mais e melhor.
1o. Dia – 21.12.01 – ATIBAIA – BLUMENAU – 670 kms
A viagem até Blumenau foi tranqüila, o roteiro é bem conhecido, pois viajo freqüentemente para aquela cidade à trabalho. Entre Curitiba e Joinville uma forte chuva caiu, me obrigando a parar em um posto de combustível (atitude que não costumo ter). Ao sair do posto, mais chuva…Chovia tanto que a Policia Rodoviária formou um comboio para aumentar a segurança….Alguns acidentes pela pista mostravam que a atitude havia sido correta! Cheguei em Blumenau a noite, com chuva, mas o calor era tanto que a chuva servia mesmo era pra refrescar…
2o. Dia 22.12.01 – Blumenau – Tubarão – 300 kms.
“Não devemos desistir de nada e, sim, começar a fazer seja o que for como se fosse um trabalho muito longo”
Angel Ganivet
Esse trecho de BR 101 está praticamente todo duplicado, o que garante boas médias de velocidade, a chuva havia parado, mas logo após a chegada a Tubarão ela se instalou novamente.
MAGICO!!! Assim defino esse dia de viagem, subi pela Serra do Rio do Rastro, velha conhecida que liga a BR101 a BR116 na altura de São Joaquim. A serra é maravilhosa!!! Recomendo a todos motociclistas! Depois, um trecho ruim de BR116 até Vacaria, RS e o bom asfalto volta a aparecer, as curvas das Serras Gaúchas são um convite a pilotagem esportiva… Sabia que havia muitos quilômetros de retas me esperando na patagônia, então aproveitei a moto revisadinha, com pneus novinhos e etc pra deixar o espírito de Alex Criville se instalar, garantindo boa diversão naquele trecho…. a Chegada a Gramado, nas vésperas do Natal é linda !!! A cidade estava enfeitada e realmente muito bonita!
4o. Dia 24.12.01 – GRAMADO, RS
Neste dia foi possível fazer um picnic na beira do Cânion Fortaleza, em Itaimbézinho !!! O dia estava aberto, a paisagem maravilhosa, sendo possível avistar o litoral do Rio Grande do Sul. As formações são monumentais!
5o.Dia – 25.12.01 – GRAMADO, RS
Natal tranqüila na capital brasileira do Natal!!! Dormir cedo pra sair de madrugada pra Argentina.
As 03:00hs da manha deixei o hotel em Gramado, os 12 graus que vi no termômetro da rua me mostravam que realmente não era apenas a sensação de frio que sentia…Mas, ao lembrar das mínimas que deveria pegar durante a viagem, chegando ao extremo sul do continente, relaxava!!!
Para este dia estava programada uma etapa de “Iron Butt”, na qual eu deveria cumprir mais de 1.000 milhas (1.609 kms) sem parar!
A lua crescente iluminava com clareza a estrada cheia de curvas das famosas Serras Gaúchas, em pouco mais de 1 hora eu já havia me desvencilhado do trecho de serra e cruzava Porto Alegre…ver as luzes da capital gaúcha ficarem pra trás me trouxe uma sensação de liberdade indescritível !
Próximo a Pelotas, RS o dia amanhecia e uma verdadeira chuva de mosquitos me obrigava a parar a moto freqüentemente para limpar a viseira do capacete…
Já Próximo a Santana do Livramento fui obrigado a reduzir a velocidade cruzeiro pois a estrada encontrava-se em péssimo estado de conservação. Numa reta, a aproximadamente 160 km/h, um preá atravessou a estrada e nada pude fazer, senão atropela-lo. Por sorte nada de mais grave aconteceu.
As 11:00hs da manha eu estava em Uruguaina, na divisa com a Argentina, a fila da aduana era grande e perdi uma hora naquela fronteira….como a viagem de “Iron Butt” tem tempo determinado pra acabar, qualquer parada dessas desanima o desafiante.
Nos primeiros kilometros dentro da Argentina, muita cautela com a velocidade, para evitar problemas com policia. Em San Jaime um guarda municipal me para e mostra a foto do radar indicando que eu excedi o limite de velocidade…conversa vai, conversa vem…nem multa nem tempo perdido…ainda me deu a fotografia para servir de “recuerdo”…
Fui percebendo que todos os automóveis e caminhões desenvolvem boa velocidade nas estradas argentinas, isso foi me dando confiança para torcer mais o cabo do acelerador…
Cheguei a Firmat depois de 1820 kms as 17:00hs, 15 horas depois de ter deixado Gramado, RS. A temperatura ali, no final da tarde era de absurdos 34oCentígrados!!!!
Juan, um amigo internauta me recebeu em sua casa, preparou um delicioso Asado, me apresentou a amigos e etc… Ale disso, me deu todas as dicas sobre o roteiro do dia seguinte…o destino seria Bariloche…
7o. Dia 27.12.01 –Firmat – Bariloche – 1.700 kms
Sai de Firmat as 06:30hs, esse trecho da viagem é cada vez mais monótono, me afastei das grandes cidades, atravessei mais de 500 kms de deserto com retas muito longas (normalmente mais de 100 kms) onde era possivel manter velocidades bem elevadas com grande margem de segurança, pois, a cada kilometro era menor o movimento naquelas estradas, o asfalto sempre em boas condições me deixavam tranqüilo, o dia estava lindo, sem ventos e sem chuvas… PERFEITO! Quando notei esse conjunto formado de boas condições para pilotagem, resolvi tentar baixar ao maximo o tempo necessário para cumprir o Iron Butt…neste dia, estava cumprindo mais 1.000 milhas, desta forma, seriam 2.000 milhas em menos de 48 horas…o que dá direito a um certificado especial da Associação Americana. (SaddleSore 2.000). Consegui chegar a Bariloche as 19:40hs, concluindo o percurso em apenas 13:10hs com uma média de aproximadamente 130 km/h durante o percurso.
A chegada a Bariloche é algo inesquecível, o plano deserto começa a transformar-se em bosques e montanhas, que são chamadas de “pré-cordilheira”…Logo mais, nota-se ao fundo o grande monstro branco aparecendo…a Cordilheira dos Andes !!! É emocionante!
A noite, em Bariloche eu estava visivelmente cansado…Telefonema, e-mail e cama !!!!
8o. Dia – 28.12.01 – BARILOCHE
Aproveitei o dia para ficar em Bariloche, conhecendo as atrações locais. Eu já havia estado duas outras vezes ali, mas sempre no inverno. Fui a pontos turísticos como Cerro Catedral, Circuito Chico, Cerro Otto etc… O dia estava quente, fiquei de camiseta o dia todo e deu até pra “pegar uma cor”….
9o. Dia – 29.12.01 – BARILOCHE
Cansado de rodar de moto, decidi por pegar uma excursão de van para conhecer as cidades vizinhas de Villa de la Angostura e San Martin de Los Andes…foram 500 kms rodados com a pequena van durante esse dia, passando por paisagens deslumbrantes !!! A cidade de San Martin de Los Andes, onde fica o centro de sky Chapelco é muito bonita, parece até mais limpa e organizada que a turística Bariloche !
10o. Dia – 30.12.01 – Bariloche – Rio Gallegos – 1.900 kms
“Tenha paciência. Todas as coisas são difíceis antes de se tornarem fáceis”
Saadi
Dia de descanso – descansar…. Dia de viagem – viajar !!! com esse ditado na cabeça parto pra mais um trecho de longa duração. Já sabia da monotonia que me esperava, para este dia estaria cruzando a Argentina de Oeste a Leste inicialmente e a patagônia de Norte a Sul !!!! a previsão meteorologica era boa
O que me deixava mais tranqüilo ! como já havia cumprido 2 desafios de Iron Butt, estava “desencanado” para este dia, se não fosse possível chegar a Gallegos naquela noite, dormiria pelo caminho mesmo, sem stress !!!
As 04:30 hs da manha deixei Bariloche, a R1, rodando entre as montanhas nevadas da cordilheira naquela noite, já amanhecendo formava em minha cabeça imagens maravilhosas !!! O nascer do sol entre as montanhas nevadas também foi inesquecível…. QUE PAISAGENS !!!
Depois de Esquel a cordilheira começa a ficar pra trás, o rumo, que era sul muda pra leste e começo a cruzar o estreito pais no sentido do Atlântico. A imagem da cordilheira era observada constantemente pelo espelho retrovisor da moto e ficava cada vez menor. A “estepe” volta a cena, mostrando que, dali pra baixo as paisagens seriam muito monótonas. Ali, nem cidades, nem policia, nem carros em sentido contrário…cruzar em velocidades próximas a 160 – 180 km/h é algo normal !
Num determinado trecho, antes da cidade de Tecka me distrai e não abasteci a moto. A luz da reserva de combustível no painel da R1 acendeu e o odometro de reserva foi prontamente disparado, me indicando quantos kilometros eu já havia rodado na condição “reserva” ! Tirei a mão e passei a viajar a aprox 100 km/h quando a moto fica bem mais econômica. Os kilometros passavam, nem uma placa, nem uma indicação, nem um carro em sentido contrário. Com a reserva de combustível da R1 normalmente é possível viajar por mais uns 40 kms… 40 kms já haviam passado e surgiu uma placa: Tecka 24 kms…
Bem, confesso que me preocupei. Reduzi mais a velocidade, fazendo esses últimos kilometros abaixo de 70 km/h ! Num determinado momento, a moto simplesmente apagou !!! buf !!! sem dar uma falhadinha de aviso sequer !!! Acredite? Estava a uns 50 metros de um posto de gasolina !! foi apenas empurrar por alguns metros, agradecendo a Deus, encher o tanque e boa viagem !!! UFA !
Seguindo viagem, me aproximei de Comodoro Rivadávia, onde pegaria a Ruta 3 no definitivo rumo sul !!! A Ruta 3 é conhecida pelos fortes ventos laterias, ausência total de transito, longas retas, além de possuir poucos postos de abastecimento !
Era por volta do meio dia, 1.000 kms já haviam ficado pra trás, o dia lindo, a ausência quase milagrosa de ventos laterais e a visão do oceano Atlântico me incentivaram a tocar os últimos 900 kms que me separavam de Rio Gallegos ! O ritmo de viagem foi calmo porém constante, e por volta das 19:00hs eu já estava em Rio Gallegos ! É incrível, mas, diferente dos outros dias de viagem, eu não estava cansado…seria capaz de pilotar por muitos kilometros ainda !
11o. Dia 31.12.01 – Rio Gallegos – Ushuaia – 600 kms
Sai de Rio Gallegos as 09:00hs da manha, os dias no sul do continente são muito longos no verão, normalmente amanhece as 04:00hs e anoitece as 23:00hs ! Mesmo durante a noite não chega a escurecer totalmente, fica uma penumbra, que nos permite ver a lua, mas não as estrelas! Sabia que, para este dia estava me aguardando um dos piores trechos a cumprir. Seriam “apenas” 600 kms, entretanto, quase metade seria de Ripio, tipo de piso de cascalho solto, comum na Argentina e Chile e famoso por derrubar muitos motociclistas com motos mais adequadas…. eu, com minha completamente-inadequada R1 seriamos capazes de cruzar esse trecho ?? Bem, não há nada como tentar…. pra depois concluir se é ou não possível !
Os 50 primeiros kilometros de rípio, ainda no continente sul americano, foram vencidos com lentidão e certa dificuldade, alguns sustos mas nada de pior ! Depois de cruzar a fronteira com o Chile e a Balsa que atravessa o estreito de Magalhães, o rípio se instala dentro da Grande Ilha da Terra do Fogo !!!! Era o inicio de um festival de sustos e quase-tombos !!!!!!
O estado das vias não era tão mal, ou talvez eu estava me habituando, a velocidade no rípio que nos primeiros trechos era de 50 km/h foi subindo pra 70 km/h, 80 km/h e em alguns trecho atingia 100 km/h. A moto ficava visivelmente instável naquele piso com aderência tão prejudicada, entretanto as retas eram longas e era possível manter a moto alinhada. Os fortes ventos da patagônia começaram a aparecer ali… muitas vezes a moto era quase arremessada para fora da pista. A auto estima estava em alta, empolgado por estar me aproximando de Ushuaia… é um fato nobre entre os motociclistas, e, para quem pilota uma motocicleta superesportiva mais ainda ! me orgulhava da quase-conquista ! porém, era cedo pra cantar vitória !!! Próximo a cidade de San Sebastian, faltando nada menos do que 11 kms pra voltar ao asfalto, uma grande “costela de vaca” apareceu subitamente frente da R1 e nada pude fazer. A moto se descontrolou. Felizmente pude, no momento do tombo, selecionar entre cair no áspero rípio ou no macio acostamento que era um pasto !!! Claro que fui para o acostamento, a moto desequilibrada perdia velocidade a queda foi muito suave !!! O acostamento encontrava-se num barranco, 2 metros abaixo do leito da estrada, mas a aterrissagem foi suave ! Verifiquei imediatamente se havia acontecido alguma coisa comigo, e constatei que nada havia de errado ! Agradeci a Deus ! Depois, desliguei o contato da moto que ainda estava deitada, fiquei quieto ao lado dela…apenas ouvindo o silencio da patagônia e pensando no tombo, causas e conseqüências ! Caminhando fui até a pista ver a tal costela que tinha me derrubado, aproveitei pra fotografar a moto deitada no acostamento, e por alguns minutos esperei por ajuda….que não chegou !!! naquelas paragens nada acontece, ninguem passa por horas e horas…sorte que eu não estava machucado !!! Tentei levantar a moto, senti uma forte dor nas costelas !!!! Deitei-a novamente ! Tentei pela segunda vez, ainda que com dores, consegui coloca-la em pé ! Notei que, pra minha felicidade, nada havia acontecido com a moto !! nem um arranhão !!! Tentei subir o barranco e voltar pra estrada, mas acabei derrubando a moto novamente. Se com forca ela não queria subir, com inteligência eu deveria leva-la para o leito da estrada. Caminhei um pouco pelo acostamento procurando um lugar melhor pra subir de volta a pista ! Logo encontrei e voltei a estrada….
Nos últimos 11 kms que faltavam daquela etapa de rípio, notava que a moto estava muito instável!!! Desequilibrada! Comecei a ficar com a pulga atrás da orelha !!! Pensava que algo podia ter acontecido à suspensão traseira por agüentar tanto soco naquelas estradas!! Talvez algum link do amortecedor rompido ? talvez o amortecedor estourado ? Podia ser também a ação dos ventos, que balançava a moto de um lado pra outro, parecendo um boi bravo! Ao chegar no asfalto, fiz alguns zig zagues e pude constatar que algo realmente estava mal!!! Parei e vi que o pneu traseiro estava furado !!! meleca !
Por sorte, um extintor de incêndio de CO2 preparado para encher pneus estava comigo, e foi rápido e fácil encher aquele pneu. Uma densa nevoa se instalava e a temperatura abaixava sensivelmente!!! Talvez já estivesse abaixo de zero grau ! Em San Sebastian foi fácil consertar o pneu com um tarugo em uma borracharia ! viva os pneus sem câmara !!!!
Dali havia um trecho de asfalto e depois os últimos 70 kms de ripio pra enfrentar! Pelas informações que eu tinha colhido anteriormente, o rípio que havia pela frente era dos piores!! Pela situação Econômica da Argentina aquelas estradas ficaram sem manutenção por um bom tempo, o que se traduzia em problemas!!!
O trecho de asfalto foi deixado pra trás com rapidez, e logo estava no temido rípio novamente. A espessa nevoa havia se transformado em chuva, e o frio era de rachar!!!!!! Estava muito próximo a Antártida !!!!
Aquele ripio realmente estava péssimo, muitas costelas de vaca, e transito, pois liga Ushuaia a Rio Grande, as duas cidades mais importantes da imensa ilha! Com calma e cautela fui administrando a chuva, frio, rípio ruim, transito… no “Paso Garibaldi” o topo da pequena serra que existe antes de chegar a Ushuaia a chuva, com as baixas temperaturas, se transformou em NEVE !! Garantindo um ato a mais no espetáculo. Tudo era festa até ali…Mesmo com tanta adversidade a alegria não se afastava, pois eu estava chegando ao meu sonhado destino !Como é bom vencer!
Ao chegar em Ushuia vi o termômetro marcando 5o. Graus negativos!!! Penso que no paso Garibaldi, onde nevava e com elevada altitude a temperatura devia estar bem mais baixa (o paso esta a 1500 metros e ushuaia esta ao nível do mar)
O primeiro hotel que encontrei, Hotel Ushuaia, foi o escolhido! A moto foi quase arremessada dentro do saguão do hotel, e ali ficou !!! frio, cansado, emocionado !!! Meu Deus! Que alegria ! O aquecedor do belo quarto do hotel trabalhou bastante naquela fria noite. A vista do Canal de Beagle pela janela do apartamento me fez rir sozinho !!! ESTAVA EM USHUAIA!!! E era o ultimo dia do ano 2001…..
Comi no quarto mesmo, um telefonema pra casa e dormi feito um anjo!!!
12o. Dia 01.01.02 – Ushuaia – Terra do Fogo!
Nesse dia me dediquei a conhecer a cidade, fui até o Parque Nacional, fiz caminhadas, conheci as Castoreiras, o final da Ruta 3, e vi muitas paisagens bonitas, daquela cidade que fica no extremo sul do nosso continente. Rodeada de montanhas nevadas, as primeiras montanhas da cordilheira dos Andes!!! UM SONHO!
13o. Dia – 02.01.02 – Ushuaia – Terra do Fogo !
Uma excursão de barco pelo canal de Beagle, visitando uma loberia (comunidade de lobos marinhos) foi bom para descansar!! O tempo na ilha é muito instável, mudando a todo momento. Agora chove, daqui uma hora faz sol e céu azul. Frio e calor durante o dia. Sinal que estamos longe demais da linha do equador, e muito me aproximava do continente gelado (apenas 1000 kms da Antártida).
No fim do dia, segui para Rio Grande, apenas 220 kms de distancia, mas pelo menos deixava pra trás o rípio ruim logo de cara! A noite, em Rio Grande pizza, hotel e boa noite !
14o. Dia – 03.01.02 – Rio Grande – Rio Gallegos (ops ! Punta Arenas) 400 kms
A intenção para esse dia era sair cedinho de Rio Grande, vencer o rípio e dormir em Rio Gallegos, a apenas 400 kms dali! Porém a patagônia nos ensina que quem escolhe o destino é ela!!! Acabei, ao contrario das previsões indo dormir em Punta Arenas, no Chile! Explico:
Ao cruzar a fronteira entre Argentina e Chile, ainda dentro da grande ilha, o rípio começou. Tudo ia muito bem, até que a moto mostrou-se mole, instável novamente… Parei imediatamente e constatei um novo furo no pneu. Uma observação mais atenta me mostrava que a trama de aço do pneu já estava aparecendo…com aquele pneu não conseguiria ir longe – pensei ! Tentei infla-lo, mas ele logo murchou novamente, demonstrando que o furo não era pequeno.
Para a minha alegria, naquela imensidão deserta, havia uma casinha há uns 600 metros de onde eu estava parado !! Quem já esteve por aqueles lados sabe que é um grande golpe de sorte! Caminhei ate a casinha, era uma fazenda de ovelhas. Conversei com um jovem senhor, chamado Sábio e ele me informou que a borracharia mais próxima estava em Pouvenir, há 100 kms dali ! Mas que, ele poderia tentar consertar meu pneu na oficina da fazenda… Fui buscar a moto e vim empurrando-a para poupar o já sofrido pneu. Ao chegar na oficina, ele me mostrou um parafuso de rosca soberba e disse que costuma consertar pneus sem câmara com aquilo!!!! Fiquei perplexo imaginando “aquilo” tampando o pneu de minha motociclista superesportiva!!! Seria impossível !!! Convenci-o a procurar na oficina um remendo tipo manchão, finalmente achamos um e passamos a desmontar a roda traseira para consertar o pneu descentemente!
Entre desmontar a roda e tirar o pneu foram quase 3 horas. A moto não possui cavalete central, portanto tivemos que improvisar um suporte com um toco! As ferramentas eram inadequadas! foi sofrido !
Íamos desmontando e comentando que o pneu estava em mau estado, que talvez não resolvesse com o manchão, mas tínhamos que tentar! E assim fizemos.
Por volta do meio dia o pneu já estava desmontado e o manchão colocado internamente, era hora do almoço e o convite para almoçar com a família não podia ser recusado. Ao chegar na pequena casa, simples porem muito limpa, uma alegre família nos aguardava, uma jovem senhora e duas lindas meninas de 3 e 8 anos aguardavam o estranho motoqueiro ! Ao dizer pra aquelas pessoas que eu era do Brasil e que estava ali viajando sozinho com a minha moto, percebi que isso era algo simplesmente inconcebível para eles… Brasil era, para eles tão distante quanto a Austrália é para os brasileiros…Quase intangível !
O almoço feito num fogão a lenha, que também aquecia o ambiente, estava delicioso. Vinho tinto acompanhava a refeição.
Logo depois de almoçar, fomos à oficina novamente para terminar o conserto. O pneu já estava consertado, bastava agora montar e inflar! Foi mais de uma hora para fazer essa tarefa….o mais complicado foi inflar o pneu sem câmara usando uma bombinha manual !!! um sufoco ! O pneu precisa “estalar” pra entar no aro, e para tanto é necessário exceder a pressão recomendada….Simples com um compressor, complicado e cansativo com a bomba manual! Mas, enfim, tínhamos a moto pronta!
Entretanto, o estado do pneu era preocupante, ele me informava que, dali adiante não havia mais casas para que eu pedisse ajuda, só rípio, pasto e ovelhas!!! Ele sugeriu que colocássemos a moto sobre a caminhonete da fazenda e ele me levaria a Pouvenir, onde eu pegaria uma balsa para Punta Arenas, atravessando o estreito de Magalhães novamente e voltando ao continente! Acabei aceitando e fomos para Pouvenir, era uma antiga chevrolet cabine dupla e a alegre família nos acompanhou !!!!
Foram mais de 2 horas de carro até chegar a Pouvenir. Ao chegar a pouvenir descobri que, ainda naquele dia seria possível pegar a balsa para Punta Arenas, 2:30 hs de travessia! Encontrei ali um amigo austríaco, o Manfred, que viajava com a BMW GS 1150 pelo continente americano!….
Estivemos juntos em Rio Gallegos e agora ele estava em Pouvenir, também iria até Punta Arenas procurar por novos pneus pra sua moto! Despedi-me da família de Sábio Andrade, perguntei quanto devia e me assustei ao ouvir que “não era nada”….Não era justo ! Ele perdeu 1 dia de trabalho, me deu almoço, me trouxe de pick-up até ali…Tinha que pagar alguma coisa! Ele insistia em não querer cobrar…Perguntei se ele se ofenderia se eu desse alguma coisa, ele disse que não então dei US$ 50,00 para o moço que me ajudou naquele difícil pedaço da viagem ! Ele demonstrou ter ficado feliz !
Segui com Manfred até Punta Arenas, fomos conversando, pegamos o mesmo hotel e na manha seguinte fomos atrás dos pneus!
15o. Dia – 04.01.02 – Punta Arenas – A busca pelos pneus !
Imaginávamos que seria complicado conseguir pneus para essas motos ali, entretanto, no hotel nos informaram que havia uma Zona Franca na cidade, onde se encontra de tudo….Bem, fomos direto pra lá naquela fria manha, mas apenas pneus para motocicletas de Cross havia ali. Nem pneus de uso misto ou estradeiro…o que procurávamos !!! Numa das lojas fomos informados que levaria uma semana pra conseguir os pneus, trazendo de Santiago! Na outra, nos disseram que eles têm que vir do Japão sob encomenda e que no mínimo 2 meses seriam necessários !!! Estávamos literalmente no fim do mundo!! Não podíamos esperar e nem seguir com pneus assim!!
Nos indicaram uma pequena oficina na cidade, onde um senhor, chamado Gonzalo Escarate poderia nos ajudar! Ao chegar no endereço notamos que ali não era o lugar adequado, uma pequena e feia oficina, apenas com sucatas de motocicletas que um dia foram usadas para fazer cross!!! A R1 e a GS destoavam naquele ambiente…Entretanto, era nossa chance, não podíamos desperdiçar!
Conversamos com o alegre senhor, que se mostrou muito amistoso com os Brasileiros (realmente há muita afinidade entre chilenos e brasileiros), disse ser piloto profissional de cross e campeão chileno, afirmou já ter corrido com Jorge Negretti, Eduardo Sasaki e outros brasileiros! Nos acabamos fazendo uma rápida amizade e foi mais simples de que pensávamos pra ele conseguir os pneus. Pra R1 era apenas o traseiro, pra GS era o par ! Na noite daquela sexta feira o pneu da R1 já estava chegando no aeroporto da cidade, as 23:00hs ele nos acompanhava até la para busca-los e em poucas horas eu já estava com pneu novo na moto, pronto para seguir viagem, apenas com um dia de atraso… tudo perfeito, se não fosse o preço que paguei pelo pneu…. US$ 357,00 !!! Suficiente para comprar 2,5 pneus aqui no Brasil !!!!
16o. Dia – 05.01.02 – Punta Arenas – El Calafate (Argentina) 600 kms
Com o novo pneu instalado e animadíssimo para ir ao Glacial Perito Moreno, as 06:00hs de uma geladissima manha, partia para El Calafate. Seriam 300 kms até Rio Gallegos, margeando o Estreito de Magalhães, e depois mais 300 kms até El Calafate, de volta a cordilheira dos Andes! Antes de Rio Gallegos estavam os últimos 50 kms de rípio da viagem, seria a despedida e justo em rípio em tão mau condições de conservação ! mas, tudo bem…. as 14:00hs eu já estava na pacata cidadezinha de El Calafate. Essa cidade abriga turistas do mundo todo, tem boa infraestrutura para atende-los com inúmeras agencias de turismo e hoteis de todas as categorias. Tratei de providenciar o mini Treking sobre o Glacial Perito Moreno para o dia seguinte, aproveitei aquela tarde para passear pela cidade, comprando algumas lembranças!
17o. Dia – 06.01.02 – El Calafate (Glacial Perito Moreno)
Bem, eu já havia visto filmes, fotos, e vários relatos sobre o glacial, entretanto, vê-lo ao vivo é algo indescritível. A imensidão, as cores, tonalidades que vão do Branco ao Azul, os ruídos e as ondas causados pelos constantes desmoronamentos e a possibilidade de caminhar durante 2 horas sobre o monumento, vendo rios, cachoeiras, formações, paredes, grutas….Tudo formado sobre o gelo…de uma coisa estou certo: Jamais me esquecerei disso !!!
No dia anterior eu havia reclamado da péssima qualidade do asfalto nos 300 kms entre Gallegos e Calafate, hoje, olhando aquilo tudo, penso que poderia ter feito os 300 kms a pé, mesmo assim teria valido a pena !
18o. Dia – 07.01.02 – El Calafate – Puerto San Julian 600 kms
Foi um dia de viagem bem “relax”, apenas 600 kms até Puerto San Julian. Sai bem cedinho, as 06:00hs já estava sobre a moto. A informação coletada na internet era que, por volta do meio dia choveria na região de Rio Gallegos, que era a metade do meu roteiro para aquele dia. Entretanto a previsão furou e, a cerca de 50 kms de El Calafate uma forte chuva chega, muito frio também! O que fazer? Acelerar, oras! Com cuidado, claro, mas, aproveitando o novo pneu que transmitia muita segurança, acelerar naquela chuva tornou-se um grande prazer. A chuva me acompanhou por uns 300 kms, e, quando parou, num abastecimento na Ruta 3, um bom chá quente resolveu de pronto o problema do frio e me animou a cumprir os próximos kilometros !! Chegue a Puerto San Julian as 12:00hs, peguei um hotel próximo ao porto, almocei decentemente, e fui ao encontro de Pinocho, o responsável pelo famoso passeio de barco ate a pinguineira! No trajeto de barco ate a pinguineira, encontramos com os golfinhos da espécie “tonina ovieda” os menores golfinhos do mundo, eles tem o corpo em preto e branco, assemelhando-se as baleias “orca”. Na colônia de pingüins pude descer do barco e caminhar entre os amigáveis seres… Fantástico!
19o. Dia – 08/01/02 – San Julián – Sierra Grande – 1.050 kms
Era para ser apenas um deslocamento de aprox 1000 kms neste dia, e para o dia seguinte era previsto fazer a visita a mina de ferro abandonada que ha naquela cidade. Entretanto, a estrada estava boa, apesar dos fortes ventos (segundo informações da televisão local, ventos de 71 km/h com rajadas de 90km/h prox a Puerto Deseado), foi possível manter boas medias de velocidade e em pouco tempo me aproximava de Sierra Grande, já bem ao norte da Patagônia, pouco ao norte da Península Valdez! Por ter chegado cedo e disposto, fui direto a mina abandonada para fazer o passeio! Vale a pena!!!! A cidade tornou-se uma cidade fantasma depois do fechamento da mina, em 1991, tendo em vista que grande parte da população trabalhava na empresa. Na mina de mais de 400 metros de profundidade, pude descer até cerca de 50 metros pelas galerias e conhecer todo o funcionamento da mina.
19o. Dia – 09/01/02 – Sierra Grande – Azul – 1.200 kms
Para este dia pretendia viajar apenas até a cidade de Bahia Blanca, entretanto, mais uma vez o bom tempo e as estradas atraentes me fizeram tocar um pouco mais…. só não me aproximei mais de Buenos Aires pois temia represálias e preferi dormir a cerca de 300 kms da Capital Federal.
Sai bem cedo de Azul, pretendendo chegar a Buenos Aires e pegar logo o Ferry Boat que me levaria a Montevidéu. Pretendia passar o menor tempo possível na Capital, pois na televisão ainda era possível ver que a situação não era nada boa ali, ainda havia muito quebra-quebra, panelaços, saques e etc… Cruzei a cidade por cima, pela auto pista e por sorte sai, conforme informações, direto no porto !!! UFA !!
O Barco para Montevidéu saia em 1:30hs, tempo suficiente para preparar palelada, alfândega, comprar bilhete etc…Tudo tranqüilo !
Na fila pra entrar no Ferry conheci Horacio, um Uruguaio que estava atravessando com sua moto também, uma bonita kawasaki ninja 250 cc (4 cilindros, 4 tempos, a água), ele se dizia interessado em comprar uma Yamaha R1 portanto me bombardeava de perguntas !!! Ele, como outros, não acreditava que estava fazendo uma viagem tao longa com uma moto daquelas, quando eu comentava que viajava por vezes quase 2.000 kms num só dia ele não acreditava!!!
Horacio foi boa companhia nas 5 horas de travessia…..Sim, 5 horas e não 2:30hs como habitualmente!!! o Ferry quebrou no meio da travessia, apenas um motor trabalhava, tentaram por mais de uma hora consertar o outro, finalmente ele voltou a funcionar e chegamos a Montevidéu por volta das 16:00hs ! De Montevidéu para o Chui são apenas 300 kms !!! Foi rapidíssimo cruzar aquele pequeno porém simpático pais ! A chegada a Chui no fim da tarde, retornando ao Brasil, me fez suspirar aliviado!!! Até ali, mais de 80% da viagem concluída e sem problemas, graças a Deus ! A sensação de “já chegou” era forte…Porém, ainda haviam 4 estados Brasileiros pra cruzar, mais quase 2.000 kms antes de chegar em casa.
21o. Dia – 11/01/02 – Chui – Porto Alegre – 500 kms
De Chui a Porto Alegre é praticamente um passeio, cruzar a bela reserva do Taim, cheio de lembranças de outras viagens nas quais passei por ali, chegar em Pelotas pro almoço acompanhado do amigo pelotense Edu, também motociclista de longa distancia, trocar o óleo da moto na concessionária daquela cidade e seguir pra Porto Alegre foi uma moleza!!! Em ritmo de descanso ! Registre-se aqui, que, a única intervenção realizada na moto durante TODO o trajeto, foi essa troca de óleo, aos 12.500 kms de viagem, sem que, ao menos o nível baixasse anteriormente! A troca de óleo foi realizada simplesmente por prevenção.
22o. Dia – 12/01/02 – Porto Alegre, RS – Curitiba, PR – 800 kms
“O homem que disse ‘Não pode ser feito’ foi vencido pelo homem que estava fazendo”
Samuel Smiles
Normalmente o trecho de Porto Alegre a São Paulo, 1200 kms, é realizado num so dia, isso já foi feito varias vezes antes, entretanto, a minha chegada a Atibaia era prevista apenas para o dia 13/01, domingo, desta forma, quando eram 15:00hs eu já estava em Curitiba, dormindo num hotel na beira da rodovia Regis Bittencourt ! A partir de Florianópolis uma chuva torrencial me acompanhou até Atibaia…por mais de 750 kms !!! Deu pra lavar, a moto, a roupa, e até a alma!!! Acredito que tenha sido pra compensar os demais dias de viagem sem chuva nenhuma!
“O maior prazer na vida é realizar aquilo que as demais pessoas acham que você é incapaz de fazer”
Walter Bagehot
Esse ultimo trecho, inteirinho sob chuva torrencial foi realmente em clima de “já cheguei”…Voltar é uma delicia…. Segui logo cedo pra Registro, que fica na metade do percurso, e ali encontrei com o amigo Luiz Aleixo, que foi até lá, sob constante chuva, apenas pra me encontrar e viajar comigo os ultimos kilometros !!! Não sei ainda se era saudades do amigo distante ou se era vontade de andar de moto…sei que ele enfrentou toda a chuva na perigosa BR 116 apenas para me encontrar. De lá seguimos para Atibaia, atravessando a cidade de São Paulo, com seus inúmeros buracos, sob intensa chuva ! as 14:00hs, ainda sob chuva, chegávamos a Atibaia, onde, para minha total surpresa, uma festa de recepção me aguardava…no Fazendinha Bar, mais de 30 amigos me aguardavam, com faixas, cartazes, e muita alegria !!! Confesso que chorei ao chegar, não conseguia sair de cima da moto, tirar o capacete…Foi realmente emocionante!!!
CONSIDERAÇOES FINAIS
Foram 23 dias de viagem, mais de 14.000 kms rodados por uma das mais apaixonantes regiões do nosso planeta. Ainda hoje, escrevendo este texto, sinto nos meus ouvidos a dor causada pelo silencio….Consigo me lembrar do céu absurdamente azul e limpo, com horizontes muito amplos dada a grande planície onde se encontra a patagônia. Sinto também a fúria dos ventos, a insensibilidade causada pelo frio, o medo que a distancia impõe!
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Fala mano, show, penso meio parecido com o que vc colocou o fato da moto não ser a que todo mundo indica e tal, é um fator a mais de motivação… e eu também curto muito as esportivas. Queria saber media de km por dia, quanto ela fez na estrada, gasolina que usava, se levou algum aditivo para compensar… como ficou as costas, pulsos… algum preparo especial, exercicios.. um fisio me indicou numa viagem que fiz, 460km paradas alongamento e usar um protetor de pulso… parecido que esse que se usa em academia… eu não senti nada, então achei que as dicas ajudaram, pois amigos que fizerem o mesmo trajeto reclamaram de dores… Varia outra vez, e com moto do mesmo estilo? Abraços
20 anos … Lembro claramente quando li essa matéria na DR, as fotos, o relato rico em detalhes, viajei junto contigo. Hoje relendo essa matéria, que para mim significa o real espírito de aventura em duas rodas por todas as circunstâncias envolvidas, ainda hoje emociona, e nos deixa de boca aberta saber principalmente, que a moto, uma super esportiva resistiu a esta viajem sem nenhum problema. Tu e essa R1 são f…
valeu! obrigado! ela resistiu a essa viagem e muitas outras que se seguiram, no mesmo estilo. E depois de te-la vendido com 100.000km sem absolutamente nenhum problema mecânico e nunca ter ficado na estrada, acompanhei a historia dela por mais alguns anos e mais 30.000km nas mãos do novo comprador, que seguiu sem problema. foda mesmo são as motos japonesas, inquebráveis.
Fala mano, show, penso meio parecido com o que vc colocou o fato da moto não ser a que todo mundo indica e tal, é um fator a mais de motivação… e eu também curto muito as esportivas. Queria saber media de km por dia, quanto ela fez na estrada, gasolina que usava, se levou algum aditivo para compensar… como ficou as costas, pulsos… algum preparo especial, exercicios.. um fisio me indicou numa viagem que fiz, 460km paradas alongamento e usar um protetor de pulso… parecido que esse que se usa em academia… eu não senti nada, então achei que as dicas ajudaram, pois amigos que fizerem o mesmo trajeto reclamaram de dores… Varia outra vez, e com moto do mesmo estilo? Abraços
Fala mano, show, penso meio parecido com o que vc colocou o fato da moto não ser a que todo mundo indica e tal, é um fator a mais de motivação… e eu também curto muito as esportivas. Queria saber media de km por dia, quanto ela fez na estrada, gasolina que usava, se levou algum aditivo para compensar… como ficou as costas, pulsos… algum preparo especial, exercicios.. um fisio me indicou numa viagem que fiz, 460km paradas alongamento e usar um protetor de pulso… parecido que esse que se usa em academia… eu não senti nada, então achei que as dicas ajudaram, pois amigos que fizerem o mesmo trajeto reclamaram de dores… Varia outra vez, e com moto do mesmo estilo? Abraços
Olá! No próprio texto diz a km feita naquele dia, alguns dias fiz 1700km e o dia que mais fiz foram 1900. Não sinto dores, crédito a uma posição adequada na moto, sem tensões ! Se faria outra vez? Sem duvida – já fiz 3 vezes ushuaia de esportiva (duas de hayabusa e uma de R1), fiz Machu Picchu e Atacama de R1 também, além de 23 estados, também de R1. Atualmente viajo com bigtrail pela questão “garupa”, mas ainda tenho esportivas e gosto de viajar com elas. Se você não colocar tensão nos braços não precisa de protetor de pulso. Abraço
Olá! No próprio texto diz a km feita naquele dia, alguns dias fiz 1700km e o dia que mais fiz foram 1900. Não sinto dores, crédito a uma posição adequada na moto, sem tensões ! Se faria outra vez? Sem duvida – já fiz 3 vezes ushuaia de esportiva (duas de hayabusa e uma de R1), fiz Machu Picchu e Atacama de R1 também, além de 23 estados, também de R1. Atualmente viajo com bigtrail pela questão “garupa”, mas ainda tenho esportivas e gosto de viajar com elas. Se você não colocar tensão nos braços não precisa de protetor de pulso. Abraço
Olá! No próprio texto diz a km feita naquele dia, alguns dias fiz 1700km e o dia que mais fiz foram 1900. Não sinto dores, crédito a uma posição adequada na moto, sem tensões ! Se faria outra vez? Sem duvida – já fiz 3 vezes ushuaia de esportiva (duas de hayabusa e uma de R1), fiz Machu Picchu e Atacama de R1 também, além de 23 estados, também de R1. Atualmente viajo com bigtrail pela questão “garupa”, mas ainda tenho esportivas e gosto de viajar com elas. Se você não colocar tensão nos braços não precisa de protetor de pulso. Abraço
Excelente matéria Diego, viagem e vida fantástica; parabéns! Eu sempre gostei de moto, já tive várias, mas não tão grandes. Pela minha região (Serra da Canastra), muitas cachoeiras… sempre gostei e tive 3 Bros, 2 NX (200 e 350), tive Falcon (era maravilhosa 2013 peguei com 18 mil km e fui até Gramado 2 vezes). Tive uma BMW 650, andei 11 mik km em 10 meses (isso trabalhando mais de 70 horas por semana). Nela, andei 820 km (Haras próximo a Volta Redonda R.J. até outro em Sacramento MG, com 8 horas (muitos radares, parei 2 vezes só “pitStop”. De Sacramento até ape em B.H. dava 464 km, certa vez, fui e voltei no mesmo dia de “Bros da Kasinski 150cc”. Sempre sonhei pilotar até “não aguentar” visto que era “TriAtleta” por hobby, e mais de 20 anos de musculação. Agora lendo Seu artigo, fiquei com muita vontade cadastrar no IronButt. Vc pode me ajudar? Como faço? Me falaram que têm uma prova… mês que vem, quero ir em Aracaju (1833 km). Estou pensando sair de madrugada como Vc fazia, rodar pelo menos 16 horas até Salvador (1650 km), ou se estiver bem, chegar em Aracaju. Gostaria de usar essa viagem para a prova que têm que fazer. Não sei muito sobre, toda ajuda é bem vinda, ainda mais de “Uma Lenda” como Vc! Obrigado pela atenção, Saulodepadua@yahoo.com.br
Saulo tudo bem? Fico feliz ao influenciar positivamente as pessoas. A boa notícia é que a certificação se dá no Brasil agora. Basta mandar um e-mail para o André em ibabrazilapp@gmail.com. Pode falar em meu nome, certamente ele vai te atender super bem e tirar suas dúvidas. Um grande abraço e boa viagem.
Nossa, muito obrigado por responder tão rápido, e ajudar muito. Fico muito feliz! Aqui no Seu site têm algumas dicas para IronButt? Quem sabe um dia Encontramos em alguma viagem, seria um prazer!
Fala mano, show, penso meio parecido com o que vc colocou o fato da moto não ser a que todo mundo indica e tal, é um fator a mais de motivação… e eu também curto muito as esportivas.
Queria saber media de km por dia, quanto ela fez na estrada, gasolina que usava, se levou algum aditivo para compensar… como ficou as costas, pulsos… algum preparo especial, exercicios.. um fisio me indicou numa viagem que fiz, 460km paradas alongamento e usar um protetor de pulso… parecido que esse que se usa em academia… eu não senti nada, então achei que as dicas ajudaram, pois amigos que fizerem o mesmo trajeto reclamaram de dores…
Varia outra vez, e com moto do mesmo estilo?
Abraços
20 anos … Lembro claramente quando li essa matéria na DR, as fotos, o relato rico em detalhes, viajei junto contigo. Hoje relendo essa matéria, que para mim significa o real espírito de aventura em duas rodas por todas as circunstâncias envolvidas, ainda hoje emociona, e nos deixa de boca aberta saber principalmente, que a moto, uma super esportiva resistiu a esta viajem sem nenhum problema. Tu e essa R1 são f…
valeu! obrigado! ela resistiu a essa viagem e muitas outras que se seguiram, no mesmo estilo. E depois de te-la vendido com 100.000km sem absolutamente nenhum problema mecânico e nunca ter ficado na estrada, acompanhei a historia dela por mais alguns anos e mais 30.000km nas mãos do novo comprador, que seguiu sem problema. foda mesmo são as motos japonesas, inquebráveis.
Fala mano, show, penso meio parecido com o que vc colocou o fato da moto não ser a que todo mundo indica e tal, é um fator a mais de motivação… e eu também curto muito as esportivas.
Queria saber media de km por dia, quanto ela fez na estrada, gasolina que usava, se levou algum aditivo para compensar… como ficou as costas, pulsos… algum preparo especial, exercicios.. um fisio me indicou numa viagem que fiz, 460km paradas alongamento e usar um protetor de pulso… parecido que esse que se usa em academia… eu não senti nada, então achei que as dicas ajudaram, pois amigos que fizerem o mesmo trajeto reclamaram de dores…
Varia outra vez, e com moto do mesmo estilo?
Abraços
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Abraços
Olá! No próprio texto diz a km feita naquele dia, alguns dias fiz 1700km e o dia que mais fiz foram 1900. Não sinto dores, crédito a uma posição adequada na moto, sem tensões ! Se faria outra vez? Sem duvida – já fiz 3 vezes ushuaia de esportiva (duas de hayabusa e uma de R1), fiz Machu Picchu e Atacama de R1 também, além de 23 estados, também de R1. Atualmente viajo com bigtrail pela questão “garupa”, mas ainda tenho esportivas e gosto de viajar com elas. Se você não colocar tensão nos braços não precisa de protetor de pulso. Abraço
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Olá! No próprio texto diz a km feita naquele dia, alguns dias fiz 1700km e o dia que mais fiz foram 1900. Não sinto dores, crédito a uma posição adequada na moto, sem tensões ! Se faria outra vez? Sem duvida – já fiz 3 vezes ushuaia de esportiva (duas de hayabusa e uma de R1), fiz Machu Picchu e Atacama de R1 também, além de 23 estados, também de R1. Atualmente viajo com bigtrail pela questão “garupa”, mas ainda tenho esportivas e gosto de viajar com elas. Se você não colocar tensão nos braços não precisa de protetor de pulso. Abraço
Show de matéria. Linda viagem.
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Nossa, muito obrigado por responder tão rápido, e ajudar muito. Fico muito feliz! Aqui no Seu site têm algumas dicas para IronButt? Quem sabe um dia Encontramos em alguma viagem, seria um prazer!
tem varias dicas sim, basta colocar ironbutt no campo de pesquisa e voce encontrara. bora pra estrada! abraço