Eu, meu pai e a nossa Vespa azul
Minha Vespa PX 200 era igual a essa, tenho muita saudade |
“Essa mãozinha vai pilotar muita moto” com essa frase meu pai parecia ler o meu destino, embora eu fosse um bebezinho. Logo após eu nascer ele profetizou meu futuro enquanto me carregava em seus braços. Segundo minha mãe, a cada Vespa ou Lambretta que passava no Vale do Anhangabaú, nos anos de 1960, ele dizia “ainda vou ter uma dessa”.
Enquanto eu crescia a doença do meu pai avançava, infelizmente ele não conseguiu ter sua Vespa e eu não consegui crescer tendo ao meu lado o meu herói. Ele partiu desse mundo enquanto eu era um menino de três anos. O tempo passou e minha infância foi cercada e alegrias e descobertas. A paixão pelas bicicletas e motos sempre morou em meu coração junto com a vontade de viajar e conhecer o mundo.
Chegou a minha vez
Já adulto comecei a andar de moto e finalmente comprei uma Vespa. Era uma PX 200 Elestart, ano 96, que comprei de um ex-funcionário da VARIG. Ele gostava tanto da moto que até chorou ao entregar-me as chaves. Fiquei um bom tempo com ela e fui muito feliz.
Talvez o momento de maior felicidade com aquela Vespa foi buscar o meu filho Gustavo na escolinha. Morávamos na Aclimação e no fim do dia deixei meu capacete em casa e fui até a escola. Na saída seus olhos brilharam quando me viu com a Vespa na porta da escola. As professoras acharam o maior barato enquanto ele pulou na plataforma se segurou firme no guidão.
Naquela tarde viajei no tempo. Enquanto o motor 2 tempos fazia aquele barulho gostoso os cabelos do meu filhos balançavam ao vento. Imediatamente lembrei da frase do meu pai e fiquei comovido. Meu pai havia acertado meu futuro.
E hoje?
Hoje, aos 54 anos, meus filhos estão grandes e eu pilotei todas as motos que tive vontade. Graças às motos, construí minha casa, sustento minha família, conheci o mundo, vivo grandes aventuras e fiz muitos amigos.
Voltando ao passado, mas precisamente em 1960, posso dizer que o “seu” Ramiro acertou em cheio ao falar do meu futuro. Coração de pai não se engana! Tenho certeza que ele passeou comigo e meu filho naquela tarde na Aclimação. Ele estava na garupa da nossaVespa azul.
Cícero Lima
Cícero Lima
Jornalista Especializado em veículos e mobilidade. Editou a revista Duas Rodas, foi colunista do portal UOL e criou publicações como Revista Ordem de Serviço e edita atualmente a revista MotoEscola.
Muito legal a história, e digo ainda, meu sonho é ter uma Vespinha.
Muito legal a história, e digo ainda, meu sonho é ter uma Vespinha.
Muito legal a história, e digo ainda, meu sonho é ter uma Vespinha.
Muito legal a história, e digo ainda, meu sonho é ter uma Vespinha.
Parabéns pela história e pela vespa , e uma paixão, aos 73 anos comprei uma também, igual a sua , e uma delicia , não vejo a hora de chegar o fim de semana pra sair com ela , e a minha princesa .⁹