AVENTURA: MACHU PICCHU via ATACAMA – 2002 – Yamaha R1

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As mesmas considerações que fiz sobre o texto  a respeito  da aventura à  Ushuaia, no ano anterior, valem pra este texto.  Foram apelos de leitores que me levaram a publica-los aqui, um pouco contrariado, pois sai totalmente do foco do blog (as motos dos anos 80), no entanto, moto é moto, e sempre é bom falar, ler e escrever sobre elas e o que elas nos proporcionam.  Segue abaixo o relato, o texto é de época, foi escrito a cada noite durante a aventura (com papel e caneta, pois nunca levei notebooks, gps, internet 3g, celulares em minhas aventuras – praticava o estilo “UNPLUGED” – o qual sigo praticando até hoje em minhas viagens de moto, com exceção do celular).

Diego Rosa

Machu Picchu
De 20.12.02 a 12.01.03
Yamaha YZF 1000 R1 2001
Kilometragem inicial: 59571 kms
Kilometragem final:    73.659 kms
TOTAL:  14.088 kms
Dia 20/12/02 – Sexta Feira – Atibaia – Foz do Iguaçu – 1.139 kms
Ansioso, acabei despertando antes mesmo do despertador tocar, fiquei por alguns instantes ainda deitado, repassando na memória os últimos detalhes, nada poderia ser esquecido, pois tinha pela frente 24 dias de viagem sozinho em locais de poucos recursos.  O tempo estava bonito, ainda estava escuro, mas a lua cheia permitia ver o céu limpo que me aguardava.  Vesti-me. Colocar aquelas roupas especiais, as botas de motociclismo, luvas me transformavam lentamente em um aventureiro, senhor do meu destino a partir do momento em que subisse na motocicleta, que me aguardava na garagem, peguei as malas e desci.
            Ali estava a R1, me esperando, alegre, pronta para mais uma aventura. Dei partida e deixei-a em marcha lenta enquanto organizava as bagagens na moto e verificava se estava tudo em ordem com a moto.  As outras motos que estavam ali na garagem , umas 5 ou 6, pareciam olhar, admiradas, talvez enciumadas a nossa partida.
            O odometro marcava 59.571 kms as 05:36hs, a aventura estava começando. Subi na moto e partimos!  Noite linda! Lua completamente cheia!  Fomos passando lentamente pelas ruas da tão conhecida Atibaia, onde vivo há 28 anos, observava tudo, me despedindo, sentia uma pontinha de saudades. – Será que voltarei a vê-la? – pensei.
            A estrada estava livre, consegui manter uma boa média de 110 km/h num ritmo descontraído e descompromissado eu seguia para a divisa do Brasil com a Argentina, o primeiro país a ser visitado.
            Quando, a tardezinha, comecei a me aproximar da Foz, já com mais de 1000 kms rodados, inconformado por estar parando no que seria o nono pedágio que havia num trecho de cerca de 500 kms, no estado do Paraná, a simpática atendente com enormes olhos azuis apontou pro céu e exclamou: – Você vai encarar essa chuva ? – eu apenas balancei os ombros, talvez hipnotizado pelo seu olhar ou pela grande nuvem negra que estava sobre a cidade da Foz, a cerca de 25 kms dali. Acelerei forte, e, ainda antes de chegar na Foz, parei num hotel de beira de estrada. Ali vi a chuva cair e me preparei pro trecho do dia seguinte, que seria de cerca de 1600 kms, até chegar ao “pé da cordilheira dos Andes”, na cidade de Salta, noroeste da Argentina.

Dia 21/12/2001 – sábado – Foz do Iguaçu – Salta – 1.634 km

Sai da Foz antes do sol nascer, cruzei a fronteira rapidamente e sem entraves, segui para Posadas. Ainda estava escuro, mas a lua cheia me permitia ver que haviam nuvens negras em meu caminho. A Policia me parou, verificou os documentos e comentou que eu pegaria muita chuva naquele dia… bem, eu confesso que, apesar de adorar pilotar na chuva, encarar cerca de 1600 kms de chuva seria muito chato !!! no entanto, o destino me aguardava, acelerei firme e segui viagem. Com o amanhecer percebi que, o que parecia um terrível dia de chuva, acabaria se transformando num agradabilíssimo dia nublado, excelente para viajar !  Segui acelerando forte, e fazendo uma média de 130 km/h. Excelente !
            Passando por Corrientes e Resistência, entrei na província “Del Chaco”. Eu já havia cruzado grandes desertos antes, como a província “de la pampa” e também a gigante patagônia, no entanto, apesar do chaco não ser um deserto propriamente dito, e sim uma região pantanosa, alagada, é certamente das regiões mais chatas de se cruzar em toda a Argentina.  Cavalos na pista, vacas, cachorros, muitas aves (matei 3) e milhares de insetos e borboletas, melecando a viseira do capacete e transformando a moto numa obra de arte antiecológica !  Ali a pilotagem é extremamente cansativa, e para completar o cardápio, existe um trecho de 80 kms que é muito esburacado !
            Próximo a Salta, a estrada fica excelente, pista dupla inclusive !  Dormi em Salta !
Dia 22/12/2002 – domingo – Salta – Purmamarca – 296 km

            Logo cedo sai de Salta e segui em direção ao Atacama. Seriam cerca de 600 kms cruzando a cordilheira, passando por altitudes de até 4.600 mts. Entretanto, logo nos primeiros quilômetros, senti a moto com excesso de combustível. Como eu sabia que ficaria por cerca de 10 dias viajando sempre acima de 3.500 mts , chegando em alguns pontos a 5.500 mts no Peru, resolvi voltar a Salta e corrigir a carburação da moto. Eu tinha recebido de um amigo, André Allain, o endereço de um bom mecânico, que o havia ajudado no ano anterior.
            Depois de uma hora procurando-o, encontrei Sergio, um amigo de Yessi que me levou até ele.  Eu havia levado um jogo de gigles menores para o carburador, pensando especialmente nessa possibilidade, foi justamente o que usamos !!!  Ele desmontou o carburador da moto com muita calma, analisava e comentava cada peça que era retirada da moto, interrompia o trabalho freqüentemente para mostrar fotos e falar de suas motos….  enfim…mais um louco apaixonado !!!
            Na hora do almoço fomos a casa dos pais dele comer um delicioso “asado” – estava ótimo !!!  Pessoas muito atenciosas e acolhedoras.   As 18:00hs a moto estava pronta para “trepar os Andes” como ele dizia. Segui para a cidade de Purmamarca e, num excelente hotel (no meio do nada) descansei o esqueleto para a jornada do dia seguinte !

Dia 23/12/2002 – Segunda-Feira – Purmamarca – San Pedro Atacama – 479 km

            Na noite anterior, no hotel, haviam me informado sobre a inexistência de gasolina em Purmamarca e que eu deveria voltar 25 kms pra conseguir gasolina. Porém o atencioso atendente do hotel se prontificou a consegui-la para mim, e assim foi feito,  logo cedo, depois do café da manha, a gasolina já me aguardava ao lado da moto !
            Para esse dia a travessia dos Andes estava dividida em 2 etapas:
            1a. Etapa – 130 kms até Susques, sendo 50 km de asfalto e 80 km de ripio.  – foi tranqüilo, a R1 e o ripio se encontravam novamente depois de um ano, porém pareciam bons amigos, com muito respeito, esses 80 kms de ripio foram vencidos com facilidade, ajudado por um visual deslumbrante !
            2a. Etapa – 350 kms de Susques até San Pedro Atacama, sendo 130 kms em ripio. – abasteci a moto em susques e sabia que conseguiria combustível apenas em San Pedro Atacama, a 350 kms dali !!!  enchi também o tanque reserva que eu levava especialmente para essa travessia, pois a autonomia da R1 podia ser prejudicada de acordo com o estado das estradas de ripio.  Logo começou o trecho de ripio….estava infernal !!!!!
  Segundo informações que colhi depois, a exatamente um ano o governo deixou de dar manutenção naquelas estradas, e, com o inverno e a passagem de caminhões com corrente nas rodas, a estrada foi toda destruída !  Realmente foi um teste de paciência e perseverança pilotar naquelas condições, além claro, de mais de 30 “quase-tombos”… sorte que bola na trave não é gol !!!  e graças a Deus nenhum tombo se concretizou !  Foram 4 horas pra cumprir esses 130 kms.
            Da fronteira, no paso de Jama em diante, a estada de asfalto começa e esta em excelente estado, até chegar a San Pedro Atacama !  que alivio !!!!
            Nos pontos mais alto da travessia, entre 4.300 metros e 4.600 metros, a temperatura chegou aos –3 graus centígrados !!!  Mas, já em San Pedro Atacama, a “apenas” 2.400 mts, a temperatura era bem agradável.
            A noite uma circulada pela cidadezinha (970 habitantes), um ciber-café, janta rápida e o merecido descanso….

24/12/02 – Terça Feira – San Pedro de Atacama
            Acordar as 03:30hs para ver o nascer do sol no “geiser Del Tatio” é uma obrigação a qualquer pessoa que vá a San Pedro. São 2 horas socando dentro de uma van, num ripio pra lá de ruim, subimos até 4.300 metros e pudemos contemplar o nascer do sol numa paisagem um tanto bizarra, onde, centenas de geisers soltavam vapores, a temperatura ambiente antes do nascer do sol era de 10 graus negativos !!  foi um espetaculo !
            No final da tarde, o por do sol no Vale da Lua é imperdível !! era dia de Natal não havia tour pra la, sorte !  me informei de como fazer para chegar até lá sozinho, e fui.  É o lugar certo para uma boa reflexão numa paisagem deslumbrante, silenciosa e tranqüila !
            A noite, já no hotel, encontrei uma família de Curitiba, eles viajavam em 2 jeeps da Suzuki. Conversamos por mais de 2 horas na varanda do quarto deles – Legal !

25/12/02 – Quarta-Feira – San Pedro de Atacama – Tacna (Peru) – 812 kms
            Sai as 08:30hs de San Pedro, não tinha pressa e nem destino, seguia rumo a Tacna, mas estava disposto a dormir onde ficasse cansado (como se fosse possível cansar de andar de moto !)…Viajando a não mais de 100 – 110 km/h, pois sabia que a policia chilena é muito exigente e sabia também que haveriam trechos com pouca oferta de gasolina, então, andar devagar significa aumentar a autonomia da moto.  Cheguei a Chuquicamata e infelizmente a mina de cobre não estava aberta a visitação publica, pois era dia de Natal.  Segui em direção a Tocopilla em ritmo de passeio. As vezes as estradas no deserto são monótonas !  Peguei a “Ruta 5” que é a porção chilena da “Rodovia Panamericana”, a rodovia que liga as 3 americas !  Seguindo rumo ao norte, o deserto parecia não ter fim. Próximo a divisa do Chile, em Arica, a paisagem muda bastante, dunas gigantes, com talvez mais de 1000 metros de altura cada uma. A estrada segue por entre as dunas e as vezes subindo e descendo por elas, um fascinante e perigoso espetáculo, pois, entre as dunas o vento “canalizado” fazia com que a moto jogasse forte, de um lado para o outro ! Além disso, o “guard rail” era inexistente naquele trecho, tornando qualquer deslize num acidente cinematográfico duna abaixo ….
            Logo chegava a Arica, a ultima cidade ao norte do Chile. Ali eu me lembrava da cidade de Punta Arenas, que é justamente o oposto, a cidade mais ao sul do Chile, onde estive no final do ano anterior, voltando de Ushuaia. Cruzar a fronteira foi relativamente fácil e rápido, depois de distribuir alguns sorrisos e elogios aos dois paises, é claro !  Logo eu estava em Tacna, 50 km ao norte da fronteira, já em terras Peruanas.

26/12/02 – Quinta-Feira – Tacna – Nazca – 919 kms
            Ainda um pouco apreensivo por não saber como seriam as coisas no Peru, como seria pilotar ali, como seriam as estradas, o comportamento da policia, dos outros motoristas em relação a moto, se realmente havia muito roubo por ali e etc, segui em viagem ao norte, seriam quase 1000 kms de “Panamericana” até chegar a cidade de Nazca.
            Aos poucos fui ficando mais tranqüilo, as estradas eram surpreendentemente boas, o deserto segue impiedoso, vou em ritmo lento, abaixo dos 130 km/h por desconhecer as regras locais, a disponibilidade de combustível e etc.
Depois de cerca de 5 horas de viagem chego a ver novamente o Pacifico, em Camana, e ai a estrada torna-se muito bonita !! Por vezes seguia na beira da praia, sendo invadida por suas areias (perigo), outras vezes por cima de penhascos, talvez 500 metros acima do Pacifico, entre curvas e túneis escavados na rocha, na maioria das vezes sem nenhuma proteção física entre a estrada e o oceano… Ao final da tarde eu chegava a Nazca, uma pequena cidade as margens da Rodovia Panamericana, ali encontrei um hotel muito gostoso, pude comer uma gostosa massa caseira e descansar bastante !

27/12/02 – Sexta-Feira – Nazca – Arequipa – 600 kms
            Logo as 07:00hs da manha eu havia contratado um sobrevôo sobre as Linhas de Nazca. As historias sobre Nazca me fascinavam desde a época de escola, assim como Machu Picchu, as pirâmides egípcias e etc.
            Antes do vôo assisti a um vídeo sobre as linhas, seus estudos e conclusões, na realidade, pouquíssimo se sabe sobre a cultura Inca, pois os espanhóis os dizimaram na metade do milênio passado !  Mas, ao que tudo indica, as linhas foram traçadas em 400 a.c. e, graças ao seco clima local permaneceram intactas ate hoje. Entretanto, o que intriga a todos é que os desenhos podem ser vistos somente de avião !  Outra coisa intrigante é que, entre as varias figuras existe um macaco (animal que não existe naquela região) e também um astronauta !!!
            Sobrevoar as linhas me arrepiou e por pouco não me fez chorar, realmente é emocionante, incrivel !  Certamente me impressionou mais do que conhecer as pirâmides egípcias em 1996.
            Voltei ao hotel, arrumei as malas e segui viagem a Arequipa, 600 kms ao sul pela mesma rodovia que eu havia chegado a Nazca. Agora conhecendo-a eu pude curtir mais a paisagem, alem disso, as imagens de Nazca que eu tinha acabado de ver, me acompanharam nesse dia de viagem.
28/12/02 – Sábado – Arequipa – Puno – 350 kms
            Todo o trajeto até aqui incluía apenas a região deserta e litorânea do Peru, que é quente, seca, arenosa. Entretanto, Machu Picchu situa-se nos Andes Peruanos, encravado na cordilheira, e, para chegar ao tão sonhado destino tive que subir as cordilheiras mais uma vez !  É muito engraçado como os peruanos estão habituados a dizer que estamos a “apenas” 4.800 metros por exemplo, um fato corriqueiro parece !
            Para esse dia de viagem, eu havia previsto apenas 300 kms, pois não sabia como seria a minha reação e a da moto em altitudes que poderiam se aproximar dos 5.000 metros. Havia sido informado que também costumava chover muito na região andina nessa época,e, chuva nessas altitudes significa neve…  Mas, felizmente a subida foi tranqüila, e em menos de 100 kms o deserto foi perdendo espaço para uma vegetação, um pouco tímida é verdade, mas sem duvida indicava que o clima por ali era outro.  A temperatura caia bruscamente, indicando que a altitude aumentava, era um sábado de sol e céu azul.
            Mais ou menos na metade do caminho, uma nuvem isolada, porem bem carregada, indicava chuva. Parei a moto, coloquei mais uma camada de roupa e as luvas impermeáveis e segui.  Choveu fraco por não mais do que 15 minutos, porem deu pra sentir uma queda respeitável na temperatura nessas condições.  Logo mais chegava a Puno, a visão do lago Titicaca é fantástica.  Entro na cidade procurando por algum hotel, me indicaram o centro pois ali haviam muitos hotéis e eu poderia escolher, entretanto o centro de Puno mais me pareceu “Ciudad Del Este” no Paraguay ….terrível !!!  Barracas, buzinas, bicicletas, motos com 3 rodas trabalhando como táxi, muita gente nas ruas comercializando de tudo, de roupas, frutas, peles de animais enfim, uma balburdia…  Me afastei do centro e perguntei novamente por “bons” hotéis….  ahhh ai sim !!  Me indicaram uma regiao bonita, as margens do lago Titicaca, afastada do centro da cidade, encontrei ali um belo hotel e me presenteei com a cara hospedagem…eu estava viajando a quase 10 dias e merecia esse descanso caprichado !
            Era cedo, por volta das 13:00hs, então pude almoçar com dignidade e me sentei a beira do lago….horas meditando, observando a paisagem, namorando com a vida !
29/12/02 – Domingo – Puno – Cusco – 400 kms
            Da janela do quarto do hotel vejo o sol nascendo no lago Titicaca, mais um dia limpo e ensolarado parecia chegar.
Tomei café e segui viagem, seriam os últimos 400 kms que me separavam de Cusco, destino final e oficial da viagem.  A paisagem se transformava mais uma vez, ficando com mais aparência de Andes ainda !  Lindos lagos, picos nevados, viajei a uma altitude sempre superior aos 4.000 metros nesse trecho.  Vilas de produtores rurais, ovelhas, lhamas, vacas enfeitam a já bonita paisagem.
            A comparação com a chegada a Ushuaia, em 31/12/02 foi inevitável. Ushuaia tem mais “gosto de aventura” por seu total isolamento e dificuldade em chegar, Cusco encanta pelo lado histórico e místico.  Mais do que isso, o Peru me encantou pelo povo, justamente o povo que é as vezes criticado por outras pessoas que ali estiveram.  Talvez pelo simples fato de eu estar viajando sozinho, me obrigando a entrar mais em contato com esse povo, pude descobrir naquelas pessoas, seres simples, humildes, gentis, atenciosos, muito orgulhosos de seu pais e sua cultura,e, acima de tudo, pessoas felizes !!!!   isso me tocou muito profundamente e acredito ser dos fatores mais encantadores do Peru.
            Cheguei a Cusco por volta das 12:00hs, a periferia é feia e pobre como as demais cidades peruanas, ruas esburacadas, empoeiradas….  mas, ao chegar no centro histórico da cidade me deparo com outra realidade, nem parecia o Peru !  Ruas limpas, bem cuidadas, prédios lindos e bem cuidados, muitas ruínas Incas no meio da cidade…. demostrava nitidamente que havia sido “maqueada” para agradar aos turistas. Fiquei pensando: – Será que o turista que vem de avião acha que todas as cidades do Peru são assim ?  Bem, isso é problema deles que optaram pelo confortável e rápido deslocamento do avião !! Encontrei um hotel legal, Don Carlos, próximo a Praça de Armas.
            Dei uma volta pelo centro histórico, a catedral, a praça de armas…muito bonito mesmo !
            O Odometro da R1 marcava 66.200 kms, indicando que eu já havia percorrido 6.629 kms, fiz as contas rapidamente e dei por conta que, até Atibaia – via Santiago e Mendoza, haveriam ainda cerca de 7200 kms a percorrer, ou seja, a viagem ainda não estava nem na metade !

30/12/02 – Segunda-Feira – Machu Picchu
            Enfim o tão esperado dia, logo as 06:00hs estava na estação de trem, pronto pra partir. Por ser alta temporada não houve muita opção de escolha, pra não dizer nenhuma !  Havia apenas vaga no trem mais luxuoso, o vagão Inka.  Foram 4 horas de viagem por paisagens muito bonitas, desfiladeiros sempre margeando um rio muito caudaloso, ali, no trem conheci alguns brasileiros, um grupo de 5 garotas muito simpáticas do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, e um pai e filho de São Paulo viajando juntos, de mochila nas costas …legal !
            Vendo o rio me lembrava de alguns “rafting” que havia feito anteriormente, momentaneamente minha memória me transportou para a Austrália e para a Costa Rica, mas logo o som característico do trem em movimento me trouxe de volta a Machu Picchu.  Depois de 4 horas de viagem o trem parou em Águas Calientes e dali segui de van até Machu Picchu, são 25 minutos numa subida ingrime e cheia de curvas !  Estradinha de terra, bem precária, mas com uma vista maravilhosa do rio Urubamba e seu vale, além dos picos que rodeiam Machu Picchu.
            Entrar na cidadela perdida, dar os primeiros passos ali e ver todo aquele visual mágico me deixou estarrecido, calado !  Por ser alta temporada haviam muitos turistas ali, fiquei imaginando como seria bom estar sozinho ali, quieto, vendo, sentindo, meditando !! Será egoísmo de minha parte ?
            Bem, o tour guiado partiu, e segui um deles, porem, troquei mais duas vezes de guia durante a visita, parecia inquieto, realmente esse negocio de tour não é comigo. Algumas explicações eram convincentes, outras eram nitidamente fruto da imaginação dos guias… mas tudo bem, faz parte !
            Depois dessas 2 horas de tour guiado, nos deram a liberdade de ficar por mais uma hora completamente avontade, assim foi feito !  Pude meditar , imaginando como seria viver ali, como viviam aquelas pessoas em tão organizada sociedade e tão evoluída tecnologia !!
            Dizem que o local é de uma energia especial, mas, talvez eu não tenha sensibilidade para isso, não pude perceber nada. Há um relógio de sol, grande, todo em pedra e a guia pediu para que todos o tocassem para sentir a energia e etc e tal…. não senti energia nenhuma ali, a não ser a deixada pelos outros turistas que por ali passavam !!  desculpem os mais místicos, mas realmente não senti nada !  Bem diferente de Nazca por exemplo, cujo acumulo de energia é claro, nos dá uma incrível sensação de bem estar e vontade de simplesmente ficar ali mais tempo !  Entretanto isso tudo é muito pessoal e Machu Picchu não deixar de ser algo realmente fascinante !
            Peguei o trem de volta as 15:30hs e depois de 5 horas de viagem chegava novamente a Cusco, foram 5 horas porque um caminhão, ao atravessar o trilho do trem, atolou… somente com a chegada do trem ele pode ser rebocado pelo próprio trem e tivemos os trilhos livres novamente !
VALEU !!!!

31/12/02 – Terca Feira – Vale Sagrado dos Inkas
            Esse tour é muito interessante, passamos por algumas ruínas da região e recebemos esclarecimentos e explicações diversas sobre o conhecimento e  a tecnologia dos Incas !
01/01/03 – quarta-feira – Cusco – Tacna – 1.050 kms
            Sai pela manha de Cusco, havia uma nevoa espessa e fazia bastante frio. Toda aquela região altiplanica é propensa a chuvas nessa época do ano e, pelo estado lastimável em que se encontrava o pneu traseiro da R1 eu queria evita-la de toda forma. Para tanto eu tinha duas opções de caminho para descer a cordilheira e chegar ao deserto, no litoral do pacifico, uma era a já conhecida (e boa) estrada que liga Puno a Arequipa. A outra opção seria passar por Puno, seguir margeando o lago Titicaca até a cidade de Desaguadero e lá então descer a cordilheira, em direção a cidade de Moquegua.
            Quando cheguei a Puno, onde deveria fazer a escolha do roteiro, vi que havia uma chuva forte no rumo do que seria a primeira opção, por isso selecionei ir para Desaguadero e então tentar cruzar a cordilheira naquele ponto, no fundo era isso mesmo que eu queria, pois não gosto de fazer o mesmo caminho na viagem de ida e de volta.
            A estrada que liga Puno a Desaguadero, ao contrário das demais estradas peruanas, estava em mal estado, toda esburacada e remendada. Em Desaguadero peguei a estrada que desceria a cordilheira, asfalto novo, curvas…uma delicia !  Esses fatores me incentivavam a uma tocada mais esportiva, mas algumas nuvens negras indicavam problemas pela frente, pois a chuva, naquela altitude (cerca de 5.500 metros) significa NEVE !!!…  parei no acostamento, troquei as luvas pelas impermeáveis, e segui em direção a chuva.
            Eu prestava muita atenção na pilotagem em si, era complicada naquela situação, fazia muito frio, muito frio mesmo !  Passei a notar que, os antes distantes picos nevados estavam simplesmente ali, ao meu lado, bem pertinho mesmo. A estrada seguia na direção daqueles picos.  Começou a nevar, pude ver, primeiro o acostamento ficando branco, depois olhando meus braços, notei que a roupa estava coberta com uma camada branquinha !!!  Pilotar na neve, com o pneu gasto (pra não dizer destruído) foi terrível !! Com a grande potencia da R1, qualquer acelerada mais forte podia significar um tombo. Fui com muito cuidado, fazia muito frio !  A R1, mesmo naquela altitude se comportava muito bem.  Ficamos nessa nevasca por cerca de 2 horas, por não mais de 80 km. Então começamos a descer rapidamente, curvas e mais curvas, e com as curvas e a diminuição da altitude o tempo foi esquentando rapidamente, a neve transformou-se em chuva e em poucos minutos eu já pilotava em asfalto seco, no meio do deserto novamente !!!  É muito rápida a transição entre Andes e Deserto, muito bonita também !
            Cheguei a Tacna, divisa com o Chile no final da tarde, foram 1.050 kms apenas mas eu estava cansado, parecia que tinha pilotado por mais de 2.000 kms, tamanha a tensão ao pilotar por condições tão adversas.
            Em contato por e-mail com o amigo Chardô, de Porto Alegre, ele me sugeriu procurar pelo pneu na cidade de Iquique, pois ali há uma zona franca.

02/01/03 – Quinta-Feira – Tacna – Tocopilla – 665 kms
            Logo pela manha estávamos na fronteira do Peru com o Chile, os tramites foram rápidos. Segui pela Panamericana até Iquique.  Iquique é uma cidade grande (pelo padrão da região) e realmente tem uma zona franca bem completa. Rodei por 4 horas pela zona franca e arredores, encontrei pneus usados, mas nenhum na medida usada pela R1. Encontrei também uma loja de pneus novos, ma outra vez haviam apenas pneus pra motos menores. Resolvi seguir até Tocopilla, uns 200 kms ao sul e dormir ali.  A estrada que liga as duas cidades, pelo litoral do Pacifico é linda, o por do sol foi dos mais bonitos ali !
03/01/03 – Sexta-Feira – Tocopilla – Chañaral – 687 kms
            A situação do pneu era complicada, ele realmente estava ficando cada vez mais feio, então eu pretendia rodar pouco e bem devagar nessa sexta feira.  Até Antofagasta , pelo litoral, foi tudo bem, mas ao retornar a rodovia Panamericana a coisa começou a complicar. Por um trecho de cerca de 20 km a rodovia esta em obras e há um desvio por um caminho de ripio.  O Ripio num pneu já frágil é terrível !!!!  Logo depois, voltando ao asfalto, senti a moto “quadrada”, “molenga”…. era o primeiro pneu furado !  Eu estava justamente num trevo, da cidade de Tal Tal.  Inflei o pneu com o inflador que eu carrego e segui rapidamente para a tal cidade, Tal Tal.  Ali procurei um borracheiro, eu levava comigo “tarugos” para consertar pneus sem câmera, mas, sabia que ainda haviam mais de 1000 kms até Santiago, e queria economizar os poucos tarugos que eu tinha. Não achei borracheiro nenhum que fizesse conserto em pneus sem câmera.  Eu mesmo fiz o remendo.
            Olhei para o pneu, já consertado e comecei a ficar muito preocupado com a situação, haviam mais de 1000 kms ainda pra chegar a Santiago e poder comprar um pneu novo, eu via que o pneu fatalmente não agüentaria por essa distancia e a qualquer momento poderia rasgar, talvez me derrubando, mas certamente uma vez rasgado não teria mais conserto.  Fui até a rodoviária, pensei em pegar um ônibus pra Santiago, levar comigo a roda da moto, trocar o pneu e voltar no outro dia.  Havia ônibus para as 18:15hs, eram 17:00hs… portanto eu tinha 1:15hs pra encontrar um lugar pra deixar a moto, desmontar a roda, pegar o ônibus…  fui atras de um hotel, conversei com a proprietária que autorizou que a moto ficasse ali.  Então bastava apenas tirar a roda e pegar o ônibus.  Nesse momento, “uma voz” disse em meu ouvido: “pode seguir de moto que vai dar certo !”… subi na moto e segui para o sul !  A proprietária do hotel deve estar me esperando até hoje…viajei mais 150 kms e cheguei a Chañaral, agora sim faltavam exatamente 1000 kms ate Santiago. O pneu veio perdendo 4 a 5 libras a cada 200 kms rodados, então decidi que poderia seguir viagem, deixando sempre o pneu com a calibragem acima do recomendado e parando a cada 100 kms para calibra-lo novamente, eu sabia que, alem do inflador que eu carregava, os caminhões tem ar comprimido também, poderiam ser úteis numa emergência, mesmo porque postos de gasolina naquela região são bem escassos.  Ainda me restava 1 tarugo, eu esperava não usa-lo.
04/01/03 – Sábado – Chañaral – Los Vilos – 809 kms
            Durante toda a noite o pneu perdeu apenas 4 libras, o que era um bom sinal !  Eu pretendia chegar pelo menos a La Serena, uma cidade bem grande e bonita, como era sábado, de nada adiantaria chegar logo a Santiago, mesmo porque eu conseguiria trocar o pneu apenas na segunda-feira.  Parei num posto e calibrei-o com 48 psi (o recomendado é 42) e segui pela Panamericana. Dentro do Chile essa rodovia tem km marcada a partir de Santiago, que é o km zero. Portanto as indicações de km em km que existem na beira da estrada me indicavam exatamente quanto faltava pra chegar a Santiago. Pela manha eram 970 kms, a cada 100 kms eu comemorava, eram pequenas metas, me davam a sensação de estar vencendo, de estar cada vez mais perto, e realmente estava !  Parei em Copiapó, abasteci, calibrei o pneu e conversando com o frentista ele me disse que no centro da cidade havia uma boa loja de motos, talvez tivesse um pneu ali.  Fui pro centro mas perdi meu tempo…  Segui para La Serena, uma das maiores cidades do norte do Chile, tentei novamente encontrar o pneu, mas não havia também.  Entretanto, na loja, ao ver a situação em que se encontrava o pneu, praticamente podre e com muitos furos pequenos causando vazamento constante, me sugeriram colocar um daqueles Sprays milagrosos, que vedam o furo e enchem o pneu.  Aceitei a sugestão, pior que estava não podia ficar, pensei.  Até que funcionou direitinho, os microfuros foram tampados e o vazamento parou !  Eram 15:00hs ainda e resolvi descer mais um pouco.  No final da tarde estava na cidade de Los Vilos, litoral, a 225 kms de Santiago !  UFA !
            05/01/03 – Domingo – Los Vilos – Santiago – 243 kms
            Como faltavam apenas 225 kms para chegar, me dei ao luxo de dormir até tarde,  sair com toda a calma do mundo, passeando até Santiago.  Chegar ao hotel Atton foi fácil, em frente ao Parque Arauco, o Shopping Center.  Passei o resto do dia me civilizando um pouco, caminhando pelo Shopping, comendo Mac Donalds e atualizando os e-mails num Cyber Café.  O dia estava lindo, do quarto do hotel era possível ver a cordilheira, minha eterna amiga !
            06/01/03 – segunda-feira – Santiago – Mendoza – 416 kms
            As 09:00hs eu já estava sentado na frente da revenda Bimota de Santiago, aguardando que a loja fosse aberta.  São amigos, já haviam trocado um pneu pra mim em outubro de 2002, ultima vez que eu tinha estado de moto em Santiago. Logo chegaram e me ofereceram um pneu Pirelli novo ou um Michelin (modelo macadam) usado, optei pelo segundo por saber da boa durabilidade dele e por ser ½ do preço do primeiro.  Os pneus de moto no Chile são caríssimos, cerca de 3x o valor cobrado aqui no Brasil.  As 12:00hs eu já saia em direção a Mendoza, seria a ultima vez que eu cruzaria a cordilheira nessa viagem.  Logo que sai de Santiago, no primeiro pedágio a luz da reserva de combustível acendeu. Perguntei para o atendente a que distancia estava o próximo posto e ele me disse que estava a 30 minutos dali.  Calculei que seria a cerca de 40 a 50 kms dali, tendo em vista que o limite de velocidade é de 110 km/h.  Passados 50 kms havia outro pedágio e nada de posto até então, perguntei novamente e me informaram que a 10 minutos dali haveria o posto. Bem, deveríamos estar falando em 10 kms aproximadamente, né ? seria apertado pois a reserva costuma durar cerca de 50 kms.  Fui levando a R1 lentamente, passeando por aquela linda região chamada de pré-cordilheira. Cheguei ao posto absolutamente sem combustível, a moto já falhava…o odometro da reserva indicava que eu tinha percorrido 88 kms desde a entrada na reserva !!!!!  Foi um Record da reserva da R1, ela ficou muito econômica graças a regulagem feita em Salta, fazia entre 20 a 23 km/l. Excelente !
Subir a cordilheira do lado chileno, nos Caracoles, e descer do lado argentino foi um imenso prazer. Cheguei a Mendoza no final da tarde, a R1 completou 70.000 kms ali. Feliz Aniversario !!!!

         
   07/01/03 – Terca Feira – Mendoza – Carlos Paz – 656 kms
            O calor estava absurdo, o tranqüilo caminho entre Mendoza e Carlos Paz é bem conhecido, portanto sem preocupação com o roteiro, apenas descontração e prazer ao pilotar. Depois de Villa Dolores a serra encanta e incentiva a uma pilotagem mais agressiva, com a subida da serra a temperatura cai, uma delicia !!!
            Carlos Paz estava em festa, era alta temporada, o lago estava cheio (no inverno fica vazio) e a cidade muito cheia, legal demais !

            08/01/03 Quarta-Feira – Carlos Paz – Reconquista – 755 kms
            Nessa quarta-feira a idéia era ficar em Carlos Paz e fazer um vôo de Parapente sobre as serras de Córdoba, mas, infelizmente o tempo não ajudou, o vento forte nos proibia de voar, então não havia porque ficar ali, resolvi seguir viagem e aproveitar meu ultimo dia “de folga” na Foz do Iguaçu, já no Brasil.
            O Calor era mais e mais forte, o que não me permitiu viajar muito nesse dia, o cansaço apareceu logo !!!  Cheguei a reconquista, que fica a 200 kms de Resistência e a cerca de 900 kms da Foz.  A corrente da moto precisava ser ajustada e, passando por uma concessionária Yamaha parei para estica-la.
            O atendimento foi excelente, esticaram a corrente rapidamente, lavaram-na com querosene, alem disso, os donos da concessionária ficaram por mais de 2 horas conversando comigo, queriam saber sobre a viagem, sobre os ironbutts, sobre o Lula, o Brasil, enfim, pessoas muito agradáveis e amigas.
            09/01/03 – Quinta-Feira – Reconquista – Foz do Iguaçu – 956 kms
            Sai super cedo do hotel, antes mesmo do sol nascer, pois tinha que aproveitar enquanto o calor não chegava.  Mantive um ritmo bem forte, em 3:30hs eu já estava em Assunsao, no Paragay, a cerca de 500 kms de onde eu tinha saído. O que parecia ter sido uma opção “interessante”, cruzar pelo Paraguay, se mostrou uma chatisse !!! o calor ficou fortíssimo, e, nos 400 kms que separam Assunção da Foz do Iguaçu vi no transito um festival de absurdos jamais visto !!!!  Caminhões parando no meio da pista pra comprar refrigerantes de camelôs, vans de lotação sem luz de freio parando a todo instante pra pegar passageiros, enfim, uma infinidade de sustos durante a travessia …
chegar ao Brasil foi realmente um grande alivio !!! na Foz 43o.C nos termômetros de rua.

            10/01/03 – Sexta-Feira – Foz do Iguaçu
            Pela manha peguei a moto e fui até o Parque nacional do Iguaçu, que eu não visitava há mais de 15 anos, e me foi uma grata surpresa !  O Parque está lindo, muito bem cuidado, organizadíssimo, coisa de primeiro mundo mesmo !  As cataratas estavam lindas também, pude passear por todo o parque e comi alguma coisa ali mesmo.
            Depois do almoço, resolvi dar uma volta em Ciudad Del Este…  que bobagem !!!  Andei com medo por aquelas ruas sujas, calor forte, milhões de camelôs vendendo bugigangas 1000, a ponte da amizade cheia até a boca….enfim, um inferno !
            11/01/03 – Sábado – Foz do Iguaçu – Avaré – 876 kms
            Pretendia ir até Londrina nesse sábado e seguir para Atibaia no domingo cedo, entretanto o tempo nublou, o calor diminuiu e consegui viajar um pouco mais…
            Chegando proximo a Londrina, uma moto se aproximou e o motociclista fez sinal para seguirmos juntos um pouco, assim fizemos.  Num pedágio antes de chegar a cidade (entre a Foz do Iguaçu e Ourinhos existem 9 praças de pedágio, cobrando na ida e na volta, inclusive dos motociclistas) ele perguntou se eu seguiria viagem ou se ficaria em Londrina, eu disse que seguiria um pouco mais, então ele me convidou pra almoçar em Londrina.  E fomos !
            O nome dele era Marcelo, um medico, ginecologista da cidade de Umuarama, ele viajava com uma CBX750F impecavelmente bem lavada, que contrastava com a meleca que estava a R1, que não tomava banho há 14.000 kms !!!  Almoçamos numa excelente churrascaria no centro da cidade, conversamos muito, Marcelo está começando agora no motociclismo, mas demonstra ser mais um apaixonado pelas 2 rodas !!!
            Segui até Avaré, onde encontrei um hotel gostoso.  Toda a chuva que ameaçou cair o dia inteiro, caiu de uma só vez naquela noite, no instante em que eu chegava a recepção do hotel. Choveu muito forte, a noite toda. Até então, praticamente durante todo o percurso eu não havia tomado chuva.
            12/01/03 – Domingo – Avaré – Atibaia – 346 kms
            Havíamos combinado em reunir os amigos no restaurante Fazendinha, em Atibaia, as 12:00hs do domingo, então, sob forte chuva, sai de Avaré as 08:30hs e com muito cuidado toquei até Atibaia.  Todo o cuidado era pouco, eu não estava habituado a pilotar com chuva nos últimos 30 dias, e, obviamente, se tinha chegado “intacto” até ali, não seria nos últimos 300 kms que eu levaria um tombo, né ?  …  todo o trajeto foi sob forte chuva, temporal mesmo !! Cheguei em Atibaia as 12:20hs.  Ahhh como é bom chegar de uma viagem dessas, ir vendo a conhecida região novamente, as ruas, as casas, as pessoas nas ruas, sentindo o cheiro “do ninho” novamente ! Como é bom !  Melhor que isso foi ser recebido pelos amigos e familiares que estavam no restaurante “Fazendinha” me esperando !
            Foram 24 dias sobre a moto, 14.088 kms, 5 paises, temperaturas que variaram dos
–15o.C  aos + 43o.C, milhares de imagens na memória, aprendizados, lembranças e mais do que isso, um sonho realizado !


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8 comentários sobre “AVENTURA: MACHU PICCHU via ATACAMA – 2002 – Yamaha R1

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